Na ultima terça-feira, um repórter do "T&Q", boavisteiro de alma e coração, apanhou boleia da claque Panteras Negras e, de bandeirinha na mão, só parou no Estádio Nacional. Rouco, feliz e... molhado.
Valeu a pena!
Valeu a pena ter começado a viagem no Porto com uma directa em cima. Valeu a pena vir dentro de um autocarro com assentos duros, próprios para as voltinhas ali ao redor do Porto e nunca para tiradas de meia duzia de horas no betão cavaquista.
Mas apesar da canseira,das costas feitas num oito e da copiosa molha que apanhei, enquanto aguardava que zelosos e diligentes cívicos me revistassem ( por três vezes! ), valeu a pena: o caneco é nosso, carago!
Isto de ser boavisteiro é um sentimento que, infelizmente, poucos mortais podem experimentar.Quer queiram quer não somos um dos "grandes" e, mais do que nada, somos do Norte!
Oferecemos campeonatos ao Porto quando vencemos o Sporting ou o Benfica. E mais: garantimos a emoção do campeonato quando batemos o Porto. E, já agora lembrem-se que já mandamos à vida o Inter de Milão e outros que tais. Mas apesar destas glórias todas, às vezes passamos um sufoco dos diabos para ganhar por um golito a uma equipazeca qualquer vinda da Honra....É por isso que somos grandes!
Mas também é preciso ser-se de um bairro próximo da Avenida do Boavista, seja ele Viso, Francos, Ramalde ou Carvalhido para perceber a alegria que é ganhar ao Benfica no Estádio Nacional.
Os Dragões Sandinenses por pouco estragavam-nos o sublime prazer que permitiu salvar a época.
Bom, mas deixemo-nos de filosofias axadrezadas e voltemos lá ao grande dia que foi terça feira passada, onde arrecadamos a Taça e onde até a policia nos tratou bem.
Humilde, quando cheguei ao Jamor e vi aquela multidão, lá confessei para o meu colega do lado: "Somos menos, mas somos muitos".
Na rede a claque dos "Panteras Negras" colocava uma faixa de arrepiar... "600 km por ti, vence por nós", a lembrar as seis horas de viagem desde o Bessa até Lisboa, isto quando ainda não se sabia com que ânimo iríamos enfrentar o regresso.
O jogo começou com um susto, o malandro do João Pinto ( que a gente desmamou ), armou-se em parvo e quase que marcava logo nos primeiros segundos. Aí, pensei com os meus botões que o Benfica iria jogar de raiva como tinha feito em 1992 e enfiar-nos quatro ou cinco.
Mas depois ( oh louvado seja Deus que veste de xadrez! ) veio a explosão de alegria: um "very-light" de Sanchez foi parar às redes encarnadas.
Daí a uns minutos, o Benfica continuava a atacar, mas quem marcava erámos nós: 2-0, toma e embrulha, que já almoçaste... à minha volta o pessoal de Francos não onseguia suster as lágrimas de alegria de ver um Boavistão.
A seguir, lá nos calámos quando o Benfica reduziu, mas ficar calados é que não: "Boavista! Boavista! Boavista!"
A segunda parte teve aquele penalti sobre o Nuninho Gomes e ainda estou à espera que o Paraty mostre o vermelho da ordem ao abono de familia que é o Preud`homme.
Pela terceira vez, voltámos a entrar pela baliza adentro dos encarnados, mas os rapazes da Luz ainda arranjaram maneira de marcar mais um. Depois, olhem, depois, sei lá: fechei os olhos, encomendei-me a S. Valentim e ao seu charuto e foi um "ai jesus" até ao rapaz de amarelo ( o arbitro, para quem não o viu ) soprar o apito e acabar com aquilo antes que fosse tarde.
E sabem que mais? VIVA O BOAVISTA!!
A VELHA ESCOLA DO BESSA SEMPRE PRESENTE !!