Estámos a falar da deslocação que talvez me tenha marcado mais em toda a minha vida, mais que não seja por ter sido a minha primeira viagem ao estrangeiro para acompanhar o Boavistão.
No somatório das duas mãos, acabámos por ser eliminados, ( 1994/95, T. UEFA, Boavista-Nápoles, 1-1 e 1-2 ) não sem antes darmos grande réplica a uma das maiores potencias europeias da altura.
Mas e em relação á viagem propriamente dita?? Bem... essa teve logo como frase de ordem : OLHA OS PIRINÉUS!!!, frase essa que nos acompanhou nas cerca de 40 horas!!! do percurso.
Quando chegamos a Espanha os motoristas já não queriam continuar a viagem, tal era o estado de degradação do autocarro.
Pura e simplesmente não existiam vidros, tinham-se transformado em algo que na altura me parecia uma pasta de vomitado ( o alcool e outros que tais estavam a dar goleada ao pessoal ).
Depois de muitas aventuras vividas durante a deslocação, lá conseguimos chegar a são e salvo a Nápoles... e que dizer da cidade?? bastará duas ou três observações para a descrever da melhor forma, passo a explicar... 90% dos carros tem alguma espécie de amolgadela e isto porque os seus condutores antes preferem arriscar e passarem semáforos vermelhos do que pararem e serem assaltados.
O idolo do pessoal local é sem duvida DIEGO MARADONA, a cara do homem está em tudo que é esquina e basta nos lembrar do pequeno "pormenor" em pleno Mundial Itália 90 em que a população de Nápoles torceu pela Argentina contra o seu próprio país.
Na estadia da nossa equipa, ainda houve tempo para uma ameaça de bomba no hotel, o que por um lado veio ajudar-nos, já que para tentar amenizar a cena, a direcção do Nápoles cedeu-nos bilhetes á pala.
Convém frisar que a diferença do norte de Itália para o sul é como da água para o vinho, em Milão ocupam-se com a moda, em Nápoles com o tráfico de tudo e mais alguma coisa.
Antes do jogo ainda nos habilitámos a dar umas voltinhas pelo centro da cidade, onde toda a realidade desta autêntica metrópole veio ao de cima, andávamos á meia hora nas ruas e já estavámos a ser viajados por tifosis que passavam por nós de scooters a ameaçar-nos, não muito tempo depois já estavámos rodeados por malta pronta para o "combate", evitado á ultima pelos carabineris.
Já no estádio ouvimos dizer á policia para se manter atenta, pois nós vinhamos rotulados como adeptos super violentos , só se fosse por causa das garrafas de vodka vazias....
Durante o jogo, uma excelente postura da nossa equipa, mas também um ambiente infernal ( os Ultra Napoli arrebentaram centenas de petardos durante os 90 minutos e nem por um segundo se calaram. )
O regresso e apesar da tristeza da derrota, foi feito de uma forma relativamente calma, não fosse os cabrões dos motoristas ( eram 3 ) embirrarem com a malta e não pararem o BUS ( repleto com 75 almas ) onde o pessoal pedia, para podermos verter águas e/ou dar ao dente.
Claro está que quando chegamos ao Bessa os motoristas ainda levaram nas trombas, o que mais tarde ainda nos veio originar algumas dores de cabeça com a justiça.
Digo-vos uma coisa, esta viagem tem tanta história que só ela dava para 1 livro... disso podem ter a certeza.
"ULTRA ULTRA RADICALLI" ... QUE TEMPOS!!