Terça-feira, 2 de Setembro de 2008

JOÃO "LUVAS PRETAS" ALVES

 

João Alves é indubitavelmente uma das principais personagens da história do futebol português. Como jogador foi um dos mais geniais futebolistas portugueses de todos os tempos, uma autêntica atracção no espectáculo, considerado em Portugal e no estrangeiro como um verdadeiro fora de série, sobretudo, pela invulgar capacidade técnica e o fino toque de classe que impendia em cada lance.

Também como treinador de futebol João Alves foi diferente e inovador, marcando efectivamente uma época no futebol português, realizando desde o início dessa função uma carreira admirável tanto em grandes como em clubes de pequena dimensão.

A figura de João Alves marcou o fenómeno futebolístico português não só pela sua evidente classe como jogador, mas também pelo adereço que teimava em apresentar em cada jogo que participava. Em todos os jogos o atleta João Alves calçava umas luvas pretas como sua imagem de marca, com o objectivo sentido de homenagear o seu avô, Carlos Alves, afinal, o seu grande ídolo de sempre.

 

O jogador João Alves ficou por isso conhecido como o famoso “Luvas Pretas”. A história das luvas pretas não pode, obviamente, faltar quando se recorda a carreira do futebolista João Alves.

O avô de João Alves, Carlos Alves, foi também ele um grande jogador de futebol na década de 20 como defesa direito, chegando mesmo a atingir o estatuto de internacional olímpico português. Carlos Alves foi considerado o melhor jogador português de todos os tempos na posição de defesa direito, notabilizou-se, sobretudo, ao serviço do Carcavelinhos e Académico do Porto, tendo jogado também pelo FC Porto.

Também Carlos Alves, a partir de determinada altura da sua carreira, passou a ostentar as luvas pretas calçadas nas suas mãos em cada jogo em que participava. A razão da opção de Carlos Alves em usar umas luvas pretas advém de uma das mais românticas histórias do futebol português.

Certo dia, Carlos Alves a jogar no Carcavelinhos, teria como adversário o SL Benfica. Momentos antes do tradicional desafio uma pequena miúda abeirou-se de Carlos Alves e pediu-lhe que jogasse com as suas luvas pretas calçadas. O defesa explicou então à garota que não poderia satisfazer o seu pedido, pois o futebol e o jogo em questão eram assuntos demasiado sérios para estas brincadeiras. A miúda tristonha calou-se, mas não desistiu.

Já no célebre encontro frente ao SL Benfica, a equipa do Carcavelinhos perdia ao intervalo. A certa altura, Carlos Alves descobre dentro dos bolsos dos seus calções o pequeno par de luvas pretas que pequena rapariga ali colocara sem autorização.

Foi então que Carlos Alves, deveras supersticioso, calçou as pequenas luvas pretas nas suas mãos e regressou ao jogo. A história conta então que o Carcavelinhos acabou por virar o resultado e vencer a equipa do SL Benfica, e a partir de então, o sensacional defesa Carlos Alves nunca mais deixou de jogar com umas luvas pretas.

A primeira vez que o jovem João Alves usou as luvas pretas aconteceu no dia 14 de Novembro de 1970, dois dias depois do falecimento do seu avô Carlos Alves. Com este gesto João Alves prestou a sua particular homenagem ao seu avô decidindo seguir a tradição familiar das luvas pretas.

 

Além de influenciar a imagem do “Luvas Pretas”, o avô Carlos Alves, foi também determinante na carreira inicial de João Alves. Nos finais da década de 60, Carlos Alves era treinador da equipa principal da AD Sanjoanense e nesse clube inscreveu o seu neto João (...)

 

José Maria Pedroto, treinador do Boavista FC, conhecia profundamente as potencialidades do jovem João Alves. Insistiu na sua contratação e por 1.500 contos pagos pela transferência ao CD Montijo, João Alves reforçou a equipa do Bessa.

Foi no Boavista FC que João Alves “explodiu” definitivamente para o futebol português. As suas exibições ao serviço dos axadrezados tornaram-no na maior figura da equipa e no maior ídolo da massa associativa do Boavista FC. Rapidamente, também toda a imprensa desportiva o considerava com um dos melhores futebolistas portugueses.

Em 1974/75, a primeira época no Boavista FC, João Alves realizou 30 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e apontou 11 golos, cifra que lhe atribui o lugar de 2º melhor marcador da equipa. Nesta temporada, pelas exibições ao serviço do Boavista FC, foi distinguido pelo CNID como o futebolista português do ano.

 

 (Equipa do Boavista FC na época de 1974/75)
 
Apesar dos muitos golos apontados a sua função primária era municiar a terrível dupla de avançados boavisteira Mané e Salvador. O Boavista FC foi o 4º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, mas o maior feito foi a conquista da Taça de Portugal da temporada de 1974/75, que traduziu-se numa grande vingança de João Alves aos responsáveis benfiquistas.

O jogo foi disputado na noite do dia 14 de Junho de 1975, no Estádio José de Alvalade em Lisboa, entre o Boavista FC e o SL Benfica, o antigo clube de João Alves. Os boavisteiros venceram o SL Benfica por 2-1, arrecadando o troféu em disputa.
 
João Alves, segundo rezam as crónicas, terá realizado naquele jogo uma das melhores exibições da sua carreira, contribuindo decisivamente para a vitória da equipa axadrezada, tendo marcando, alias, um dos golos da partida.
 
 (João Alves ao serviço do Boavista FC)
 

 (João Alves na equipa da Selecção do Porto na decada de 70)

 

O Boavista FC revalidaria a conquista da Taça de Portugal na época seguinte, desta vez, sobre o Vitoria SC. Também neste jogo disputado no Estádio das Antas, que o Boavista FC venceu por 2-1, o médio João Alves voltou a desempenhar um papel de destaque, realizando uma excelente exibição.

Já no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1975/76 o Boavista FC sagrou-se vice campeão nacional, obtendo um fabuloso 2º lugar na tabela classificativa.

A participação de João Alves na equipa boavisteira voltou a ser fundamental, realizando uma temporada a todos os títulos soberba. Em 29 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o meio campista João Alves marcou 15 golos, tornando-se o melhor marcador da equipa.

 

 (Equipa do Boavista FC na época de 1975/76)

 

 (João Alves no Boavista FC na temporada de 1975/76)
 
A qualidade futebolística de João Alves já tinha ultrapassado as fronteiras do território nacional. Em Espanha, o UD Salamanca, subiu à 1ª Divisão Nacional na temporada de 1975/76.

Para a nova época de 1976/77 reforçou-se com a contratação o médio João Alves ao Boavista FC, depois de varias observações realizadas em Portugal. Alem da equipa espanhola também em França havia interessados no jogador português, nomeadamente, os casos públicos do Paris SG e o Olympique de Marselha. Diz-se que a aquisição disputada de João Alves terá custado ao UD Salamanca cerca de 12.000 contos (...)
 
Terminada a ligação com o SL Benfica no final da época de 1982/83, João Alves prosseguiu a carreira no Boavista FC. Foi o regresso do desejado e ídolo da massa associativa dos axadrezados.
 
O FC Porto voltou a estar interessado na contratação de João Alves. Contudo, desta feita, o celebre pacto de não agressão estabelecido entre os azuis e brancos e o SL Benfica, afastou o “Luvas Pretas” da rota do Estádio das Antas. Rumou ao Bessa, muito por influência do Major Valentim Loureiro, amigo pessoal de João Alves, de quem até era sócio numa empresa de material desportivo.
 

                                                 (Boavista FC na época de 1983/84)

                                 (João Alves no Boavista FC na temporada de 1983/84)

No Boavista FC da temporada de 1983/84, treinado por Henrique Calisto, João Alves foi igual a si próprio. Com 31 anos de idade, cheio de experiência, foi um jogador preponderante nos boavisteiros que obtiveram um 7º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

João Alves, o famoso “Luvas Pretas”, comandando o meio campo do Boavista FC, realizou 29 jogos na principal competição portuguesa, tendo apontado 3 golos ao longo da prova.

 

                                         (João Alves no Boavista FC na época de 1983/84)

                                          (João Alves capitão da equipa do Boavista FC)

A época de 1984/85, talvez inesperadamente, seria a ultima temporada do futebolista João Alves e a primeira do treinador de futebol. O Boavista FC começou a ser comandado pelo capitão Mário Wilson.

No dia 9 de Março de 1985, aquando da 21ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1984/85, depois de uma derrota caseira frente ao Vitoria de Setúbal por 0-2, o presidente do Boavista FC, o Major Valentim Loureiro, desanimado com a carreira do clube, demitiu Mário Wilson e convenceu João Alves a assumir o comando da equipa até final da temporada.

                                            (Equipa do Boavista FC na decada de 80)

                         
                          (Caricatura do "Luvas Pretas" com o equipamento axadrezado)

                                        (João Alves em acção ao serviço do Boavista FC)

 

João Alves, com apenas 32 anos de idade, encerrou a carreira de futebolista e iniciou a carreira de treinador de futebol, substituindo Mário Wilson no comando técnico dos axadrezados. Foi um dos treinadores mais novos do futebol português a treinar na 1ª Divisão Nacional.

O Boavista FC melhorou significativamente a produção na temporada de 1984/85 após o inicio da liderança de João Alves, conseguindo a proeza de ainda conquistar um 4º lugar na classificação final apurando-se para a Taça Uefa.

Como treinador João Alves colocou em pratica todo o seu saber e experiência adquirida ao longo de muitos anos ligado ao futebol como praticante. Foi considerado com o primeiro “Manager” do futebol português, tal a forma como organizava e preparava as suas equipas.

Revelou-se também um verdadeiro caça talentos. Tinha um faro impressionante para descobrir novos valores nas divisões inferiores ou nas camadas jovens. Deve-se a João Alves a descoberta de jogadores como Paulo Bento, Pedro Barbosa, Abel Xavier, Pauleta, entre outros.

Desde muito novo João Alves demonstrou muito interesse pelo estudo do futebol. Com 25 anos de idade já detinha o curso de treinador de futebol. Ao longo da carreira de treinador patenteou, efectivamente, tratar-se de um técnico por vocação.

Em 1985/86 continuou a comandar a equipa do Boavista FC. Conquistou o 5º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O maior feito da temporada, porém, foi a eliminação dos italianos da Fiorentina na 1ª eliminatória da Taça Uefa de 1985/86. Com esta vitória o Boavista FC chegava pela primeira vez na sua história à 2ª eliminatória de uma competição europeia de clubes.
 

                                          (Plantel do Boavista FC na época de 1985/86)

 

                                      (Ao lado do Major Valentim Loureiro no Boavista FC)
 
Depois do Boavista FC, a sua carreira de treinador conta então com passagens por outros clubes portugueses onde realizou trabalhos notáveis e nalguns casos históricos mesmo.

Em 1986/87, no final da 16ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, é demitido do Boavista FC e foi substituído por José Torres. Abraçou o comando do Leixões SC na época de 1987/88, na 2ª Divisão Nacional, sagrando-se campeão e fazendo regressar a histórica equipa leixonense ao primeiro escalão do futebol português. ( ... )
 
No início de 1990/91 regressou ao Bessa para comandar os destinos do Boavista FC. Durou apenas 12 jornadas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o regresso de João Alves ao Bessa. Foi substituído no cargo por Artur Ferreira. (...)
 
                                                  (Boavista FC na época de 1990/91)
 
NOTA IMPORTANTE : Artigo retirado na íntegra do blog "Glorias do Passado" .
 

publicado por PNvelhaguarda às 23:12
De tia altisidora a 25 de Junho de 2012 às 17:14

Grande del Fútbol Mundial.......


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