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Na parte baixa da tabela estavam já confirmadas as descidas de SC Olhanense e SC Espinho, Académica de Coimbra, e mais tarde também do Clube Oriental de Lisboa. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1975/75 faltava apenas decidir o 4º classificado, posição que atribuiria mais um lugar nas competições europeias.
O Vitoria SC e o Boavista FC eram os clubes envolvidos nessa particular luta e o jogo entre eles na última jornada da competição tudo iria decidir. Os vitorianos partiam com uma vantagem de dois pontos e um empate no jogo decisivo seria suficiente para garantir o 4º lugar, por seu turno, ao Boavista FC só a vitoria interessava.
O jogo decisivo joga-se no dia 17 de Maio de 1975, pelas 16.00 horas, no Estádio Municipal de Guimarães, repleto de vimaranenses que acreditavam piamente no sucesso da sua equipa. E tinham razão para isso, já que o Vitoria SC possuía uma excelente equipa de futebol conforme tinha ficado bem demonstrado ao longo da temporada.
Do outro lado, porém, apresentava-se também uma equipa recheada de grandes valores do futebol português, superiormente comandada pelo conceituado técnico José Maria Pedroto.
Naquela tarde do mês de Maio de 1975, aguardava-se um grande jogo de futebol, disputado entre duas excelentes equipas e, talvez ingenuamente, suponha-se que a decisão sobre o 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75 dependia, unicamente, da prestação dos jogadores do Vitoria SC e do Boavista FC.
Para arbitrar aquela decisiva partida foi nomeado o arbitro António Garrido, da AF de Leiria, para muitos, considerado, como o melhor juiz dos quadros nacionais. Acabou por ser ele, António Garrido, o grande protagonista da partida, recheada de casos polémicos e decisões bastante contestadas pelos apaniguados do Vitoria SC.
Antes de uma referência mais pormenorizada ao jogo, diga-se, desde logo, que aquele encontro entre o Vitoria SC e o Boavista FC da ultima jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75 foi, futebolisticamente falando, um extraordinário espectáculo, bem jogado, intenso e com incerteza no resultado até ao final.
Desde o apito inicial que a emoção esteve ao rubro naquela partida. Logo aos 12 minutos de jogo o primeiro lance polémico. Numa jogada de ataque do Vitoria SC, o avançado Tito atira colocado para a baliza do desamparado guardião do Boavista FC, Botelho.
(Imagem do primeiro lance pólémico do jogo Vitoria SC - Boavista FC. Amândio parece cortar a bola já no interior da baliza boavisteira, enquanto o guardião Botelho acorre desamparado ao lance)
Momentos depois, aos 28 minutos de jogo, surge o primeiro golo do Boavista FC. Na zona do meio campo, o centrocampista João Alves desmarca o rápido extremo boavisteiro Salvador, que em velocidade ganha o lance ao defesa vitoriano Rui Rodrigues e, já no interior da área, devolve a bola a João Alves que atira para o fundo da baliza.
A posição de João Alves, no momento do remate fatal, é bastante duvidosa, mas desta feita, o arbitro António Garrido valida o golo, apesar dos inúmeros protestos dos jogadores do Vitoria SC e da massa associativa que passa a manifestar-se fortemente.
Já com os ânimos bastante exaltados, logo surge novo lance muito controverso. Aos 36 minutos, correspondendo a um cruzamento da esquerda, o avançado boavisteiro Mane, em posição duvidosa, surge isolado perante o guardião do Vitoria SC Rodrigues, que imediatamente se lança ao relvado para impedir o golo.
Na sequência da disputa daquele lance entre o guarda-redes Rodrigues e o avançado Mané, o arbitro António Garrido apita, apontando para a marca da grande penalidade. Imediatamente resultam um coro de infindáveis protestos vindos do sector junto à baliza do Vitoria SC, com derrube das redes de vedação do campo e ameaças de invasão.
Depois de serenar os ânimos na bancada e restabelecida a ordem, o boavisteiro João Alves com um remate colocado transformou em golo a grande penalidade e colocou o Boavista FC a vencer por 0-2. O Vitoria SC, em clara desvantagem no marcador, lança-se no ataque em busca de um golo que reduzisse as diferenças.
(Bem evidentes os protestos da massa associativa do Vitoria SC no Estádio Municipal de Guimarães)
Já na segunda parte e após substituições operadas, com intenções inversas, em ambas as equipas - pelo lado do Vitoria SC entrando Almiro mais ofensivo para o lugar do defesa Osvaldinho, enquanto no Boavista FC dá-se a entrada de Barbosa, médio defensivo para o lugar do avançado Mané – o jogo ofensivo ficou a cargo dos vimaranenses, enquanto a equipa do Bessa acantonou-se na defesa, sem nunca descurar o contra ataque, sobretudo, através do endiabrado Salvador.
À constante pressão exercida pela equipa do Vitoria SC, respondia o Boavista FC como um verdadeiro bloco intransponível. Todavia, a equipa vimaranense não conseguia criar grandes oportunidades, jogando, agora, mais com o coração do que com a cabeça.
Créditos : Fotos e texto retirados do blog "Glórias do Passado", que apesar de se tratar de um blog vimaranense, consegue relatar os acontecimentos vividos, com uma saudável imparcialidade e uma bem tolerada visão clubistica.