"Boavista é o 4º clube português; então já jogo num grande"

Ricardo Silva começou a jogar no Gatões, mas foi no Boavista que se destacou nas camadas jovens. Passou pelo Esposende, mas em 1996 transferiu-se para o F. C. Porto. Foi emprestado ao Felgueiras, ao Marítimo e ao Leiria, acabando por jogar três anos nas Antas. Foi emprestado ao Guimarães e depois rescindiu com os dragões. Livre, regressou ao Boavista, saindo a seguir para uma aventura em Itália, que não se concretizou. Esteve desempregado e a treinar no Rio Tinto, mas há duas épocas voltou ao Bessa.
Para Ricardo Silva, que acredita que o Boavista vai ser capaz de surpreender toda a gente na segunda volta do campeonato, não há grandes segredos relativamente à melhor equipa da Liga. "O F. C. Porto é, naturalmente, o favorito para ganhar o campeonato. Tem claramente a melhor equipa da prova. Vai entrar na segunda volta no primeiro lugar da tabela e com uma vantagem muito grande sobre o segundo classificado", afirma o central axadrezado.
Quando questionado sobre a importância que Jesualdo Ferreira, o treinador que trocou o Bessa pelo Dragão no início desta temporada, está a ter no sucesso da equipa portista, Ricardo Silva foi enigmático "O colectivo do F. C. Porto é muito bom. O plantel possui jogadores de grande qualidade. No que diz respeito ao treinador, prefiro guardar a opinião para mim...".
Orgulhoso do emblema que tem no peito, o jogador não tem receio de assumir que o Boavista é o clube do seu coração. "É natural que assim seja. Foi no Bessa que nasci e cresci para o futebol. Sinto-me muito bem aqui e é um prazer muito grande vestir esta camisola", garantiu o central, de 31 anos, que termina contrato com o Boavista no final da próxima época. Entretanto, este ano foi distinguido na cerimónia de entrega dos Prémios Pantera e de encerramento do ano como atleta de alto rendimento.
É considerado o patrão da defesa boavisteira e a verdade é que Jaime Pacheco não o dispensa, nem mesmo a recuperar de uma complicada mialgia. Ricardo Silva apenas falhou um jogo esta época, devido a castigo e, a par com Cissé, é o jogador com mais minutos do plantel.
JN|Sente-se frustrado por, quase a meio do campeonato, a equipa não estar a lutar pelos objectivos traçados no início da época?
RS|Não, muito pelo contrário. Estou bastante confiante que vamos fazer uma boa segunda volta. É certo que este não é o lugar em que queríamos estar, mas estamos unidos e a trabalhar no sentido de melhorar cada vez mais.
O que é que falhou, tendo em conta que o presidente garantiu que esta equipa estaria à altura dos melhores anos do Boavista?
É difícil explicar. Entrámos bem no campeonato com uma vitória frente ao Benfica. Mas depois os resultados positivos deixaram de aparecer. Para além disso, fomos obrigados a enfrentar várias adversidades, sendo a mais complicada a mudança de treinadores.
A defesa é o sector que mais críticas tem merecido por parte dos adeptos e da comunicação social...
A esse respeito não posso fazer nada. As pessoas dizem e escrevem o que querem. Nós limitamo-nos a trabalhar e a tentar fazer sempre o melhor. Temos a consciência de que nem sempre as coisas saem bem. Mas não podemos julgar só um sector. Quando se está bem é o colectivo e o mesmo acontece quando se está mal.
Esta época, o Boavista já vai no quarto treinador. Como é que a equipa lidou com as mudanças?
Essa é uma situação muito complicada e que, à partida para esta temporada, não estava nos nossos planos. Com cada treinador assumimos determinados métodos de treino e sempre que um saía era como se começássemos do zero. Mas o grupo está muito unido e sei que vamos dar a volta por cima num futuro próximo.
Há uns anos esteve muito perto de jogar em Itália. O que correu mal?
Isso são coisas do passado que prefiro não lembrar. Já passou, não aconteceu e não me vou estar a lamentar.
Sente que existe uma falha na sua carreira por não ter sido internacional A?
Sinto. É frustrante conseguir chegar à selecção e depois não ser internacional A. Mas vou continuar a lutar.
Acredita que ainda é possível lá chegar?
Agora acredito no Boavista. Acredito que vamos fazer bons resultados. Depois logo se vê.
Ambiciona regressar a um clube grande?
Eu já estou num clube grande. O Boavista é um dos grandes, é o quarto clube de Portugal. Mas, para já, não sonho mais alto. Sinto-me bem aqui e tenho mais um ano de contrato. Depois verei como será a minha vida.
As alegadas crises financeiras em que o Boavista tem sido envolvido nos últimos tempos preocupam-no?
Regressei ao Boavista há dois anos e comigo têm cumprido sempre com o combinado. Muitas vezes aparecem notícias sem fundamento mas que eu prefiro nem comentar.
Que votos faz para 2007?
Para o Boavista, espero que seja melhor do que estes últimos seis meses e que consigamos alcançar os objectivos o mais rapidamente possível.A nível individual, espero continuar bem, como tenho estado, e a ser opção para o treinador. Espero, acima de tudo, ter saúde.